Histórias do teatro brasiliense (VIII)

Engana-se quem pensa que os anos 80 ficaram somente na criação do Teatro Dulcina. Surgiu também nessa época um outro espaço cultural, o Teatro da ABO, onde o Mapati arriscou seus primeiros passos com a encenação (ingênua e amadorística) da peça infantil O Roubo da Estrela do Visconde. Nosso despretensioso elenco se autobatizou de Grupo Encrenca e alguns dos integrantes militam nas artes até hoje.

A sigla de três letras diz respeito ao campo de atuação acadêmica dos dentistas, Associação Brasiliense (seria “Brasileira”?) de Odontologia. Isso não impedira que realizações culturais e artísticas houvessem se firmado ali, em harmonia estreita com os simpósios, os painéis, os seminários da classe do boticão, peça de museu que restou aposentada pelo uso dos modernos instrumentos com que homens e mulheres de branco escarafuncham nossas bocas de dentes cariados, um suplício, eterno suplício.

Esqueçamos os aparelhos ortodônticos e remergulhemos nas artes cênicas daquela década. Dias atrás, em seu blog encartado no jornal eletrônico Metrópolis, o crítico e um monte de coisas Sergio Maggio nos fez lembrar que o teatro em Brasília e de Brasília entrou em cena invocando o capeta. Na sua ampla pesquisa bibliográfica, ele recorreu ao livro que é o fulcro destas postagens, História do Teatro Brasiliense. Completando-se a listagem dos acontecimentos, nos termos da dupla de autores:

– Ricardo Torres (que já apareceu neste blog juntamente com o seu irmão Roberto) cria o grupo Ator & Companhia;

– o grupo EnDança, dirigido por Luiz Mendonça, se articula na Unb e dali se lança para o Brasil;

– nasce o Udi Grudi, que ao longo do tempo vai sofrendo mutações em seu quadro de artistas, salientando-se os dois Lucianos, o Astiko e o Porto, não por serem necessariamente os melhores dessa turma de belos palhaços, mas pelo fato de eu ser mais chegado à dupla;

– vem também à cena o Mamulengo Presepada, do abnegado Chico Simões, a iluminar nosso espírito com bonecos intrépidos e maliciosos;

– não posso deixar de referir o Jogo de Cena, mais um sobrevivente, tocado com êxito há muitos e muitos anos pelo Pipo e pelo Helder, autor de um desenho numa das paredes da casa 13 da 707 Norte que eu devia ter preservado, o que jogaria o preço de venda do imóvel às alturas;

– no final do período, a cidade passa a contar com o Teatro Perdiz, espaço alternativo na Entrequadra 708/9 cujo maior sucesso foi Bella Ciao, de Luiz Fernando de Abreu. Tinha na direção o saudoso Mangueira Diniz, meu colega de Bacen, e no elenco Tereza Padilha, motivo pelo qual assisti a muitas apresentações da peça, cuja temporada durou mais de um ano;

– como se não bastasse, foi criado o Departamento de Artes Cênicas da Unb.

https://pixabay.com/pt/turquesa-est%C3%A1gio-cortina-de-palco-2106952/ https://pixabay.com/pt/turquesa-est%C3%A1gio-cortina-de-palco-2106952/

Acharam pouco?

Nosso balão mágico irá sobrevoar o céu dos anos de 1990. 

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30 de junho de 2017

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mmsmarcos1953@hotmail.com

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