Poemas de uma carioca desgarrada (II)

Nos cadernos de cultura dos nossos jornais e revistas, impressiona a quantidade de páginas dedicadas à gastronomia. Nada contra, malgrado minha preferência seja por mais cobertura das áreas de cinema e literatura.

Como mergulhar em busca do tempo perdido sem passar pelos banquetes? Sobe-se a montanha mágica para empreender os grandes debates durante as refeições. À mesa, transcorrem as conversas na catedral e a apresentação do homem sem qualidades.

Estamos em fase de Copa. Ultrapasso essa palavra e chego à cozinha, em alguns países do mundo o principal lugar da casa; nos colégios, é chamada de cantina.

“ESPIROL”

Saudade de festa de  Papai Noel na casa de meus padrinhos,
Saudade de meu padrinho, da minha madrinha,
separaram
separei deles…
Saudade.
Saudade do pai, foi embora
P’ra nunca mais voltar…
Volta, pai! Aparece no meu sonho, aparece, pai!
Saudade de baldinho de areia, daqueles de plástico,
que a alcinha sempre soltava
com o peso da areia…
ou da água.

Bek Shakirov
Bek Shakirov

Saudade de velocípede…
quase sempre quebrado.
Saudade de uniforme de escola –
saia azul, plissadinha,
Blusa bem branquinha.
Laço de fita de seda
Na cabeça…
sempre escorregava,
sempre caía.
Saudade de caderninho
encapado, brochurinha,
espiral, nem sabia, quase,
o que era –
Plástico transparente, colorido,
Vermelho “arroseado”,
Azul arroxeado,
Verde amarelado, lindo!
O durex ainda grudava!

Saudade Escola Classe – Brasília….
Saudade das merendas –
Manjar-manjado com sangue
de diabo…
(Menino inventa cada uma, né?)…
Salada com muitas frutas…
tinha até uva!

(Norma Martins – BH, 30/ IV/ 2006)

 

11 de julho de 2014

(073)

mmsmarcos1953@hotmail.com

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