Poemas de uma carioca desgarrada (IV)

Enquanto o nosso piauiense não vem novamente bater ponto aqui (dois poemas e se cansou?), trago às falas pela quarta vez a poeta amineirada (quatro décadas de Belo Horizonte). O convite para o rinque foi súbito, sem aviso prévio, nada de indenização. Por não ter nada pronto, pediu-me sem embargo desculpas. Aproveitei que eu estava só no quarto dela para esmiuçar o bureau. Encontro uma folha branca, toda rabiscada, solta, atrás dos livros. Dificultosa a leitura daquelas palavras sobrepostas, complicado o entendimento daquelas ideias superpostas.

Digamos que não era uma obra pronta – era um esboço apenas.

ESBOÇO 

Sou esse amontoado
De coisas inacabadas
Essa glória de obras
Apenas esboçadas
Esses olhos embaçados
Esse nariz de odores
Não inalados
Essa boca de
Palavras escrachadas
Esse coração de
Amores machucados
Essa vida de
Momentos interminados
Esse desespero de
Atitudes não tomadas
Essa mãe de filhos abortados
Essa luz de lâmpadas queimadas.

(Norma Martins – bHz, 1993)

esboco

 

06 de agosto de 2014

(080)

mmsmarcos1953@hotmail.com

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