Quem cuidará de nossos pais? (II)

Meus personagens principais deste tópico são os cuidadores e cuidadoras não profissionais. Trata-se de filhos, preocupadíssimos e dedicadíssimos em sua maioria, que não largam sob nenhum pretexto os seus “pacientes”, os pais e ou as mães atingidos por doenças degenerativas e incapacitantes.

Num paralelo, não pretendo largar tais postagens enquanto eu não puder exaurir antes o sumo do livro da Marleth Silva, que, por consequência, pode me chamar às falas, me notificar ou até mesmo, hipótese mais drástica, me processar. Pensando melhor, acredito que a Marleth será magnânima, não se importará com minhas transcrições.

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As quais, por questões de lógica, começam pelo prefácio, sob o título Por que falar desse assunto:

“Eu estava viajando, em férias, e pernoitei em uma pousada à beira da estrada. A insônia me fez passar horas pensando, enquanto esperava o tempo passar ou o sono chegar. Não lembro em que eu pensava, nem de como a idéia me veio à cabeça. Mas me recordo de que foi ali que decidi escrever um livro sobre filhos que cuidam de seus pais idosos.

“Duas ou três semanas depois, de volta ao Brasil, meus irmãos e eu fomos informados pelo médico de que minha mãe provavelmente tinha Alzheimer. Quem me trouxe a notícia foi uma das minhas irmãs, pelo telefone. Chorei de tristeza, mesmo sem saber ao certo o que Alzheimer significava –  o que eu sabia com certeza é que era algo grave e ruim. Isso foi há seis anos. Hoje, qualquer pessoa com acesso à imprensa sabe que Alzheimer é uma doença progressiva que atinge principalmente idosos.

“Nos anos seguintes, me deparei constantemente com pessoas que precisavam ler o livro que eu queria escrever. Eram filhos dedicados, enfrentando rotinas duríssimas para ajudar o pai ou a mãe que se tornou dependente por causa de uma doença ou simplesmente por causa do envelhecimento do corpo. Esses filhos contavam, embaraçados, que às vezes tinham raiva daquela situação; que achavam que precisam se dedicar mais aos pais; que não tinham mais tempo para cuidar de suas próprias vidas e achavam isso triste, mas natural. Afinal, tinham uma missão maior, à qual se dedicavam como a uma causa sagrada: ajudar a viver quem lhes deu vida (…).”

10 de novembro de 2014

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mmsmarcos1953@hotmail.com

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