Sociologuês (IV)
A Universidade do Banco Central do Brasil-Unibacen foi o centro de ensino onde participei da maioria dos cursos de minha vida funcional.
Num deles, que criei junto com alguns colegas do departamento de minha lotação e com apoio importantíssimo de Talis Paixão, da área de gestão de pessoas e aposentado há muito tempo (qual o paradeiro dele?), nós dois na coordenação, o programa era sobre os regimes especiais das instituições financeiras (especificamente, intervenção, liquidação extrajudicial e administração especial temporária).
Para se ter noção da força dessas realizações acadêmicas no âmbito da Unibacen, o curso tinha trinta e dois servidores e servidoras matriculados e pôde contar com trinta e três palestrantes, nenhum remunerado, entre os quais ministros de tribunais superiores, inclusive o STF. Teve duas edições.
Concebeu-se a terceira edição, que lamentavelmente acabou não prosperando (os custos, convenhamos, não eram de reduzida monta), para os profissionais da imprensa, sobretudo os credenciados pelos jornais (recorde-se que à época, mais de vinte e cinco anos atrás, não existia internet).
É que desde então nós nos ressentíamos de problemas para lidar com a imprensa para que ela bem compreendesse a natureza e as características de nossas atividades como órgão de supervisão do sistema financeiro. Os jornalistas, com formação técnica voltada para a Economia, assimilavam com certa facilidade as funções da autarquia como emprestadora de última instância. Não se lhes eram estranhos o redesconto, o recolhimento compulsório, a assistência de liquidez – a política monetária básica enfim.
Todavia, fossem as entrevistas com o repórter sobre fiscalização de estabelecimento bancário, de financeira, de sociedade de crédito imobiliário, aí havia muita perplexidade e desconhecimento do assunto malgrado os esforços despendidos pelos setoristas para nivelar a conversa. Isso tudo se agravava quando a matéria abrangia também a liquidação extrajudicial.
De outro lado, salvante os editoriais – a rigor e sempre e sempre, a opinião expressada do jornal – a imprensa era menos ideológica, menos partidária.

Feito o link com a postagem anterior, na próxima eu me permitiria fazer alguns breves comentários a respeito da imprensa nos dias de hoje em face dos gravíssimos acontecimentos políticos.
16 de março de 2016
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