Tri-presidente (III)

Quantos brasileiros circularam ou, sendo mais preciso, atuaram em condições oficiais no âmbito dos três poderes da República, integrando seus quadros de pessoal formalmente? Difícil de estimar. Provável é que não tenham sido muitos. E quantos já colheram a oportunidade de haverem sido presidente do Judiciário, do Legislativo e do Executivo? O site do Supremo nos ajuda na resposta:

“ (…) Exerceu a Vice-Presidência do Supremo Tribunal Federal de 9 de dezembro de 1982 a 24 de fevereiro de 1985. Eleito em sessão de 12 de dezembro de 1984, desempenhou as funções de Presidente, no período de 25 de fevereiro de 1985 a 10 de março de 1987. Nessa condição ocupou a Presidência da República, de 7 a 11 de julho de 1986, em substituição do Presidente José Sarney. Coube-lhe, como Presidente do Supremo Tribunal Federal, declarar instalada a Assembléia Nacional Constituinte, em 1º de fevereiro de 1987. Ao deixar a Presidência da Corte, passou a presidir a Primeira Turma.”

Gol, gol do Brasil, Moreira, três é a camisa dele, indivíduo competente o Moreira – no bordão do saudoso locutor esportivo Waldir Amaral.

Não se questione o fato de o artilheiro de 3 gols (com direito a mil músicas) haver sido chefe de gabinete do Alfredo Buzaid, ministro da Justiça durante uma ditadura, na medida em que nosso poeta maior ocupara o mesmo cargo, no Ministério da Educação, também numa ditadura.

Certo é que, consoante visto acima, o jurisconsulto que nos honra nestas postagens (um dos melhores professores que tive) exercera a presidência do STF, a da República e, como que na titularidade das duas casas do povo, chefiara e conduzira, sobranceiro, a cerimônia de abertura da histórica Assembleia Nacional Constituinte, cujo legado é a belíssima Carta de 1988, criticada em seus itens da ordem econômica pelo batalhão dos ortodoxos enfurecidos.