Poemas de uma paulista desgarrada (V)
Já choramos muito/Muitos se perderam no caminho/Mesmo assim não custa inventar/Uma nova canção/Que venha nos trazer/Sol de primavera/Abre as janelas do meu peito/A lição sabemos de cor/Só nos resta aprender (Beto Guedes)
Vou dizer isto sempre: sou carioca, sou candango – mas não desgrudo das Minas Gerais, terra do meu pai.
O poeta e compositor mineiro traz na música o vento (da velha Bibiana do Érico Veríssimo) e o sol de primavera (como dói, como dá saudade o Clube da Esquina). A sua vez, a poeta de São Paulo (terra onde nasceram minha mãe, em rápida passagem, e minha neta Alice) arrisca-se evocando neste setembro os raios solares e a lua com sua mania perscrutadora.
MIRADA
Sol que “embraseia a lasca”
ardia no cerrado
com sua língua de fogo.
Todo ano, todoano.
Garganta berra gritando
a seca sede de justiça.
Entrava noite, saía dia.
A noite andava quieta.
Dava pra ouvir até onde
não mais não podia.
Chega de manso, paisano
que a lua, poeta, te espia.
Dazi Antunes – 03/09/15
12 de setembro de 2015
(147)