Criação de Padilha e roteiro assinado por Claussen Munhoz, a peça narra, de forma lúdica e sensível, a relação entre um idoso acometido pelo Alzheimer, interpretado pelo ator Chico Sant'Anna, e o seu neto, interpretado pelo ator mirim Reinaldo Vieira, com quem tem uma forte ligação. "Quando uma criança assiste outra criança em cena, ela presta mais atenção. Então, a peça aborda a morte para as crianças de forma lúdica", explica Tereza. "A morte é algo natural, um momento, o ciclo da vida. O que ficam são as lembranças".
Experiências individuais e o advento da pandemia fizeram parte do caminho percorrido pela criadora até chegar à ideia de Avô árvore, menino pássaro. "Em 2012, eu estava em uma reunião, com minha mãe presente, na época com 93 anos. Lá também tinha uma criança brincando, a quem pedi que fosse dar um beijo na minha mãe, que adorava crianças. Ela me respondeu que não iria, porque não gostava de velho. Aquilo me impactou muito", lembra Padilha.
A tristeza de crianças pela perda de entes queridos para a covid-19 e o tema das vivências com alguém que sofre de Alzheimer tiveram encontro com a obra de Manoel de Barros, autor modernista, morto em 2014, conhecido pelos versos recheados de considerações existenciais. "Comecei a ler a poesia dele e vi que algumas coisas não se conectavam, mas se conectavam ao mesmo tempo. Entrei em contato com o Claussen e entreguei a minha ideia e todo um material para ele. O que ele me devolveu foi uma obra de arte. Fiquei encantada".
Poética, mas não dramática, a peça, que tem quatro atores em cena, não tem música. "Tem som. Um percussionista brinca com as situações no palco ao longo do espetáculo", antecipa Padilha, que ressalta a intenção de jogar luz em uma relação afetiva protagonizada por um menino e seu avô, diferente do que é mais comumente visto na dramaturgia, onde a relação com a avó ou a mãe é mais recorrente.
Elenco principal:
Chico Sant'Anna
Reinaldo Vieira
Daiane Rocha
Mateus Papa
Argumento:
Tereza Padilha
Dramaturgia:
Claussen Munhoz
Direção:
Tereza Padilha
