Beirute, o Clube da Esquina

Vou falar do Beirute – e não propriamente do Beira, já que esse novato (para usar adjetivo na moda) reduto pertence à turma da Zona Norte, toda ela, entretanto, amiga do Bolinha, da Luluzinha e até do pai dela,
o suspeito de sempre.

Inexiste neste mundão todo IBGE que, por mais competente seja, consiga fazer respeitável e fidedigno censo de todas as atrizes e atores
que até hoje circularam (quem é das artes cênicas não vai; circula,
e circula com maquilagem e figurino) pela região sul da rua elétrica. Arrisco sem temor de errar que, noves fora canastrões e canastronas, daria para formar populoso município só com loucos e loucas para todos os lados, por óbvio.

No desenvolver a ideia, apurei que nada mais poderia ser assinalado depois que o Fernando Fonseca publicou seu livro Beirute – Bar que inventamos. Diante da dura e infértil (para mim) realidade, restou-me agarrar naquelas festivas e reconfortantes folhas, estruturadas caleidoscopicamente, e pinçar alguma coisa para reproduzir neste espaço, do qual espero não ser enxotado pela fúria (ou pelo descaso,
o que é pior) dos parcos leitores e leitoras.

http://www.yelp.com.br/biz_photos/beirute-norte-bar-e-restaurante-bras%C3%ADlia?select=rS2raVufcGvI0CNP7vozKA
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Da obra de mais de 400 páginas, com o fidalgo garçon na capa ciclame (saudades da Radio Tamoio do fim dos anos sessenta e início dos setenta), escolho a página 217. E o faço pelo mais deslavado nepotismo.
A figura do autor é ali apresentada como Mauricio de Assis. O nome completo do meu primo, poeta e compositor, é Maurício de Assis Borges. E esse Borges é sobrenome do pai dele, que, a sua vez, era primo
em primeiro grau do pai dos irmãos Marcio e Lô Borges. Como se vê, Clube da Esquina na veia. Vamos à homenagem lavrada pelo Mauricio.

Beirute Doce Paixão

Tem pão sírio, grão de bico
Esfihas, pastas, petiscos
Circulam todos os tipos
negros, brancos e mestiços

São jovens, velhos petizes
Loucos varridos felizes
Botas, sandálias, varizes
muitas cores e matizes

Tem mexuê, quibe frito
Tem muito rapaz bonito
Tem muito casal bonito
Muita boca para beijar

Tem muita mulher aflita
Que volta e meia se agita
Quando vê a mais bonita
Feito cobra a sibilar

Lá também tem muito artista
Palhaço, malabarista
Tem poeta, tem sambista
Tem chato, tem otimista

Sorrisos, abraços, beijos
Carinhos, apertos de mão
Satisfeitos os desejos
Beirute, doce paixão

(Mauricio de Assis)

 

13 de novembro de 2013

(022)

mmsmarcos1953@hotmail.com

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