Poemas de um curitibano assaltado
“Art. 46. Não constitui ofensa aos direitos autorais: … III – a citação… de passagens de qualquer obra, para fins de estudo, crítica ou polêmica, na medida justificada para o fim a atingir, indicando-se o nome do autor e a origem da obra; … VIII – a reprodução, em quaisquer obras, de pequenos trechos de obras preexistentes, de qualquer natureza, … sempre que a reprodução em si não seja o objetivo principal da obra nova e que não prejudique a exploração normal da obra reproduzida nem cause um prejuízo injustificado aos legítimos interesses dos autores.” Lei nº 9.610, de 19.02.98
Consignadas as ressalvas, parabenizo minha neta Alice – que completa 7 aninhos neste 23 de setembro – recorrendo ao Paulo Leminski, forte na esperança de que a família do grande poeta curitibano não se sentirá assaltada por mim devido à transcrição, logo ali, de intrigante poema.
Antes, um registro. Não deixa de ser um pouco curioso os geniais Veríssimo e Zuenir Ventura se apresentarem publicamente como avôs de crianças na faixa de cinco/seis anos de idade; quer dizer, eles são isso mesmo, vozinhos. Ocorre que o primeiro é quase oitentão e o segundo já ultrapassou tal barreira há muito tempo. Ao saborear as histórias contadas pelos dois desbragados corujas, em ferrenha competição de literatos, dou-me conta de que, quando eu atingir (conseguirei?) oito décadas de modesta existência, minha neta mais velha, Aline, hoje beirando 19 anos, estará perto de 37 anos.
Agora, venha cá, Alice, minha aniversariante, venha e traga a Alice do país das maravilhas para, ao seu lado, de mãos dadas, ouvir (vocês duas não sabem ler bem ainda) uma homenagem feita a uma xará de vocês duas.
Ali
ali
só
ali
se
se alice
ali se visse
quanto alice viu
e não disse
se ali
ali se dissesse
quanta palavra
veio e não desce
ali
bem ali
dentro da alice
só alice
com alice
ali se parece
(Paulo Leminski)
23 de setembro de 2015
(149)
