Bacenianas
Andei escrevendo lá atrás algumas observações sobre o Banco Central, creio que numa das postagens intituladas “Sociologuês”.
Renovou-se-me (obrigado, MT) a vontade de contar causos assim que brilhara na tela do meu note a palavra “Fim”. Não era meu computador se desligando. O ze-fi-ni arrematava o histórico filmete Edifício-Sede 35 anos, divulgado na Edição 373, de 3 do corrente mês, do Conexão Real, veículo de comunicação interna da autarquia, e também no Youtube, a que assisti não sem emoção.
Estamos em abril de 1972, quando tomo posse no Bacen, oriundo do Banco do Brasil, onde nunca trabalhei. Foge à lembrança o nome do cargo assumido por quem completava 19 anos de vida e zero de experiência profissional. De outra parte, nessa memória avariada ainda resta sem névoa a recepção de que o jovem fora merecedor juntamente com o outro colega contemporâneo ao seu lado, investido ao depois no papel de compadre por haver batizado a Patricia, filha mais velha do empossado e hoje autor, neste blog, de perplexidades e desatinos linguísticos.
O então chefe da área de pessoal da autoridade supervisora do Sistema Financeiro Nacional, após rápido cumprimento protocolar, olhou para aquela dupla de apalermados, cada um deles com seu terno e gravata para lá de cafona, e perguntou (ou interrogou) se fazíamos faculdade e, em caso afirmativo, qual curso.
“Eu faço Direito”, balbuciei.
“Eu faço Economia”, arrematou mais convictamente o garoto que levaria a menina à pia batismal.
Sem mais delongas – como se num encaminhamento burocrático de exilados vitoriosos na suicida travessia marítima no rumo da Itália; sem arrimo nenhum em curso de formação e ambientação, implantados em 1975, o tarimbado servidor público deixara carimbado no meu peito o destino funcional, setor de mercado de capitais, incipiente no país, lotando o outro calouro no setor de câmbio.
Os dois servimos à casa por mais de quatro décadas, mas isso eu vou contando à medida que esse tópico for se desenvolvendo.
Por ora, firma-se meu compromisso de brevemente abordar minha primeira experiência com despachos, cotas, pareceres, expedientes, cartas, ofícios, entre outros documentos do arsenal burocrático.
07/10/2016
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