Eneagrama (II)

Inúmeras estórias e lendas retratam esta luta do arquétipo do herói contra seus adversários, geralmente representados por três ou quatro missões ou provas iniciáticas, ou ainda nos inimigos que o protagonista transforma em aliados para vencer o antagonista principal durante o decorrer da narrativa. A mais conhecida talvez seja a estória do Mágico de Oz, em que a pequena Dorothy conquista a amizade do Espantalho, do Leão Medroso e do homem-de-palha para vencer a bruxa malvada.

(Marcelo Bolshaw Gomes)

É curioso como em nosso país a maioria dos apresentadores (e apresentadoras) de televisão desperta muito interesse nos espectadores e espectadoras, inclusive quanto à vida privada. Não é infrequente “os mitos” (os há no parlamento saídos da caserna?) abandonarem a carreira na telinha, temporariamente ou não, para se candidatar às câmaras e assembleias legislativas, ao Congresso Nacional, havendo casos em que são chamados até para disputar eleições presidenciais. Em minha mente agora, repontam dois artistas do palco e do microfone, ambos retirados de cena antes do final do pleito. São milionários e se destacam no explorar o filão de venda de mercadorias e sonhos (pesadelos?), com diferença de idade entre eles de mais de quarenta anos; num espectro ideológico, alojam-se na posição de centro-direita.

Nos programas em que cada um comanda, em canais abertos distintos, em dias diversos, um dos quadros de mais audiência é o da roleta.

Não é a roleta russa e vou escrever de orelhada, sem consultar enciclopédias virtuais acerca do sinistro procedimento. Põe-se apenas uma bala no tambor do revolver. Os loucos presentes ao ritual macabro (essa é nova) sentam-se em círculo e cada um a sua vez gira o tambor e às cegas aperta o gatilho. Às vezes, não passa do primeiro indivíduo, funesta bala na agulha (prima do tiro no pé; como os economistas do mercado apreciam essa expressão), que entra pelo ouvido, atravessa o crânio e faz com que, testemunhas imbecis ao redor, o desinfeliz se veja despachado para o mundo das almas.

Igualmente, não colaciono a roleta paulista. Nessa modalidade, o falso corajoso, outra variação de idiotia, pega o carro e sai por aí em alta velocidade passando pelos cruzamentos sem frear, sem olhar para os lados, expectativa patológica de que nada aconteça, mera adrelanina, nenhum veículo deve atravessar-lhe o caminho, pois do contrário a colisão o despachará para o mundo das almas.

Retomemos o assunto “eneagrama”, que coliga esta postagem à anterior de mesmo título, reproduzindo mais trechos das lições ministradas pelo terapeuta Luiz Mauro Renault Junqueira em sintonia com a doutrina desenvolvida por Claudio Naranjo, respeitadas as regras do acordo ortográfico da época.

“(…) é importante lembrar-se que existe algo desperto em cada um, pois as pessoas nasceram apenas com a Essência que é desperta. Assim, Essência é tudo que é inato no homem, sua natureza, o que não muda. É o estado em que não há conflitos entre pensamentos, emoções e instintos(…).

“A partir de uma certa idade o homem precisa aprender certas coisas sobre a vida, necessárias à sua defesa e da sua Essência. Aí surge o que é comumente denominado Personalidade ou Caráter. Trata-se de características individuais adquiridas, as quais se diferenciam de conformidade com vários fatores, principalmente as leituras da criança sobre ‘como seus pais a vêem e como gostariam que fosse’. É um conjunto de idéias, crenças e atitudes que obtém-se imitando os pais ou fazendo aquilo que se imagina eles gostariam que fosse feito. Trata-se de uma estratégia, inicialmente destinada a autoproteção, mas que acaba dominando e ditando o comportamento do Ser Humano, sob as benesses do automatismo e da inconsciência. Contudo, quando se entende melhor a Personalidade adquire-se mais liberdade.”

Nesse passo, o Luiz Mauro (é desse modo que nós, os alunos do curso citado na postagem primeira, o chamamos) aduz na sua fundamental apostila que

“A verdadeira Personalidade ao se tornar exagerada e compulsiva no Ser Humano, teve distorcida a sua função, tornando-se falsa.

“(…) Assim a Personalidade não é originalmente ruim, se tornando quando sai da posição de defender a Essência para a de ofuscá-la, ameaçando o homem com a perda de sua conexão essencial (…).

“Não se pode prescindir do Ego (outra denominação para Falsa Personalidade), mas domesticá-lo. Ao permanecer apenas no Ego o homem não sai de sua condição de máquina.”

Uma vez que, apesar de tantos ensinamentos, não logrei (epa) descobrir qual o meu eneatipo dentre os nove que existem, volto ao começo e impulsiono a roleta da sorte que tenho aqui na minha frente. Vruuum… A seta parou no número 7.

https://www.iquilibrio.com/blog/

 

A palavra novamente está com o autor da epígrafe, Marcelo Bolshaw Gomes, que invoca Naranjo, estudioso oriundo da terra do Neruda, e a teor de http://jornalista.tripod.com/Espiritualidade/n1/eneagrama.htm categoriza:

“O Sonhador (tipo 7): tipo com preferência pelo centro mental (extrovertido) que negligencia o centro emocional.

Fixação: São pessoas sempre entusiasmadas e alegres, mas que alimentam muitas ilusões e fantasias. Na verdade, com essa 'inocência' o tipo número 7 evita entrar em contato com qualquer eventual dor ou sofrimento, só observando o lado bom dos acontecimentos e da vida. São, geralmente, oradores muito loquazes e manipuladores.

Paixão: A gula, não apenas de alimentos, mas de pessoas, informações e aventuras. Os 'número 7' têm gula de qualquer coisa que lhe dê prazer. Falam demais, assim como tendem a fazer tudo demais.”

Cáspite!

Passado o assombro, respiro com alívio, lembrando que foi apenas um sorteio. Urge que eu me matricule no próximo curso de eneagrama a ser dado pela terapeuta das Minas Gerais para saber onde minha personalidade se enquadra. Tomara não seja no Eneatipo 7, pessoas desse grupamento devem ser muito loucas e decerto intoleráveis.

#Eneagrama     #Marcelo Bolshaw Gomes     #Roleta russa     #Roleta paulista     #Roleta da sorte     #Luiz Mauro Renault Junqueira     #Claudio Naranjo     #Personalidade     #Eneatipo 7

26/08/2018

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mmsmarcos1953@hotmail.com

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