Tiradentes (VII)

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Já tendo retornado de Tiradentes (cujo tópico fecharei em seguida), vou com minha sobrinha Michaela (mãe brasileira, pai sueco) e uma amiga dela à principal feira de artesanato de Belo Horizonte (mais um comentário, não machista: é incrível a resistência das mulheres emshoppings, andam o dia inteiro e nada de cansaço. Posso caminhar 10km em pistas esportivas sem acusar o golpe, mas dez minutos nessa romaria consumista moem minhas pernas e me fazem chegar destruído em casa).

Por isso mesmo, fujo sorrateiramente das duas e entro no belo parque ali do lado. Sento-me numa pedra imensa, do tamanho, digamos, do Pão de Açúcar, e começo a ver a mineirada passando pra lá e pra cá. Uma menininha de seus três anos, chorando, para quase na minha frente, empaca, não se move. Pai e mãe tentam dissuadi-la daquele pit-stop  (pit stop  é o cacete! Obrigado, Ancelmo Gois). Inutilmente. Até que a mãe saca a arma mortífera: “Nóis vamo imbora. Se ocê ficá aí, u Bebê-onça vai ti pegá”. A arrancada infantil é impressionante, pela rapidez e pela cara de pavor da garotinha – a minha expressão fisionômica também. Como seria esse bebê-onça? Cara de bebê e corpo de onça ou cara de onça e corpo de bebê? De qualquer forma, devia ser mais assustador do que o Curupira, o Boitatá, o Saci. Tiremos o Pererê, já que o Ziraldo tornou-o personagem simpático e amigo das crianças.

Largo essas curtas observações sobre medos e pânicos infantis e retomo Tiradentes. E o faço rapidamente, sinteticamente. Não é mais razoável que países insignificantes em termos de extensão geográfica e de locais paradisíacos possam faturar anualmente horrores com turismo enquanto nosso país apresenta-se em posição tímida nesse ranking.

Minha sugestão de pessoa conhecedora de todas as capitais brasileiras em muitas visitas, de viajante que já percorreu de carro e, sobretudo, de caminhão (o do Teatro Mapati) centenas dos mais de 4.500 municípios do Brasil (com paradas e pernoites em muitos deles): que se divulgue no exterior não só as praias, mas conjunta e sistematica todas as cidades históricas. Que, para tanto, nelas sejam espalhadas iniciativas que “chamam gente”, que atraem turistas, como mostras culturais, festivais artísticos, feiras de gastronomia. Paraty, por exemplo, está bem na fita. Além da divulgação da Tiradentes em tela, reforcemos por essa via de difusão a imagem de Ouro Preto, de São João Del Rey (aqui já citada), de Sabará, de Olinda, de Cabrália, de Alcântara, de Goias Velho (nome muito mais bonito e poético do que Cidade de Goias, escolhido pelos habitantes de lá. Fazer o quê?), de Cavalcante, de Pirenópolis, entre inúmeras outras cidades de preservação mas carentes de recursos financeiros para se firmarem e se independerem de fontes supridoras do estado a que pertencem e da União. Com isso, não tenho dúvidas, trarão muitas divisas para nós.

Pego o trem de volta para Brasília.

tiradentes10

 

07 de junho de 2014

(067)

mmsmarcos1953@hotmail.com

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