Anjos de barro

Dias atrás, Henfil fez aniversário; comemorou 70 anos.

É isso aí (obrigado, Ana Carolina). Vamos admitir que ele ainda circula por estas bandas. Esqueçamos que já se foi, mocíssimo, um pouco depois dos 40 anos de idade – o multiartista ferrenho em tudo e durante razoável período uma das estrelas do Pasquim.

Qual a razão para lembrar que uma das principais companhias
do Henfil no céu (o Fradinho não está lá) é o irmão Betinho, cuja volta
ao Brasil nos últimos suspiros da ditadura era sonhada por todos nós (obrigado, vascaíno Aldir Blanc), mesmo sem sabermos ainda quem era exatamente aquele sociólogo cavaleiro contra a fome e a miséria?

Por acaso, vai nos consolar saber que lá em cima ambos ouvem o outro irmão, o pacato Chico Mario, tocando viola com enlevo?

Então (obrigado, paulistanos; obrigado, paulistanas): os três embarcaram bestamente, vitimados pela Aids (à época, devastadora) que se lhes invadira o corpo, em períodos distintos, mediante venenosas transfusões venosas. Os irmãos hemofílicos necessitavam quase sempre do líquido vermelho de doadores e doadoras, porquanto o sangue que corria dentro de cada um deles errava de veia e se perdia (obrigado, Chico Buarque), jorrando incessantemente dos machucados
que tentavam evitar, mas nem sempre conseguiam.

http://www.ditopelomaldito.com/2013/01/3-irmaos-de-sangue-um-documentario.html
http://www.ditopelomaldito.com/2013/01/3-irmaos-de-sangue-um-documentario.html

No estilo riquixá, abrirei a palavra ao vocalista do trio familiar,
ao que mais esperneava, ao criador da Graúna e de tantas outras coisas marcantes.

 

24 de fevereiro de 2014

(048)

mmsmarcos1953@hotmail.com

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