Riquixá

Todo mundo sabe o que é um riquixá. Exagero. Mas pessoas da Índia e da China conhecem o veículo. Ainda que seja só uma parte
da população desses dois países imensos, é gente que não acaba mais.

Referência feita, preparatória da comparação, da analogia, cuido
que os indivíduos sem talento e pouco criativos na arte da escrita saem
à busca de celebrados autores.

E saem para quê?

Saem para transcrever, para evocar passagens luminosas que os grandes escribas deixam espalhadas por aí em benefício de todos e todas.
Os pouco inspirados, os sem talento, os sem vocação para as letras podemos nos abeberar nos livros das bibliotecas públicas e particulares ou, o que é mais comum nos últimos tempos, na rede internacional
de computadores, e repassar tudo.

http://br.freepik.com/index.php?goto=41&idd=690544&url=aHR0cDovL3JldHJvdmVjdG9ycy5jb20vdmljdG9yaWFuL2phcGFuZXNlLXJpY2tzaGF3Lw==
http://br.freepik.com/index.php?goto=41&idd=690544&url=aHR0cDovL3JldHJvdmVjdG9ycy5jb20vdmljdG9yaWFuL2phcGFuZXNlLXJpY2tzaGF3Lw==

Por isso, devo estar sempre no riquixá, acomodado na minha
falta de criatividade. Lassidão.

Quando faço citações pequenas, é caso de se ter a visão de um escritor-senzala (obrigado, Gilberto) a pedalar, arfante, a exótica bicicleta
com este blogueiro-casa grande (obrigado, Freire) encarapitado displicentemente no banco de trás, olhando a paisagem e fazendo
cara de paisagem.

Agora, se reapresento trechos inúmeros de determinada obra literária, verdadeiros bifões, imagem apropriada é a do escritor, mais arfante ainda, puxando essa espécie de veículo, modelo mais primitivo ainda, portanto só com a força das suas passadas, pés descalços na terra,
e também tendo no assento traseiro o sanguessuga aqui, com a mesma expressão facial, atento tão somente à beleza da floresta.

https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/f0/Rickshaw_%28Jinricki%29%2C_1860_-_ca._1900.jpg
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/f0/Rickshaw_%28Jinricki%29%2C_1860_-_ca._1900.jpg

Em suma: eles escrevem, eu vou lá, diretamente na obra literária, garimpo aquilo que, no meu sentir, é genial, interessante, curioso
e trago para cá. Morcego hematófogo.

 

14 de fevereiro de 2014

(047)

mmsmarcos1953@hotmail.com

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *