O perfume (II)
Perfume tem muito, muito a ver com isso tudo.
Nos tempos do Brasil provinciano de meados do século passado, reputava-se inadmissível e impensável o do sexo masculino perfurmar-se, mesmo que não desbragadamente. Os homens aspergiam perfume quase que às encondidas, nada de dar pinta, uma expressão muito comum ainda hoje, só que agora aplicável a tudo: dar pinta disso, dar pinta daquilo. Mas, àquela época, “dar pinta” só era usado, com malícia e preconceito, pelos fofoqueiros perniciosos (redundância?) quando eles se referiam aos moços efeminados e às moças não femininas.
Lavrei essa “pequena” introdução (iniciada na postagem anterior) para mencionar, em essência (sem trocadilho), que dias desses eu metralhava o controle (sou das antigas, zapeio; um dia, vou aprender a programar) dos canais de TV a cabo (como tem bobajada ali) e parei num deles, em que passava um filme bem no comecinho.
Fui sendo dominado solertemente pela telinha. Aos vinte minutos de jogo, constatei que a instigante fita (essa também é da época de início aludida) nada mais era que a fiel história narrada em “O perfume – História de um Assassino”, livraço de Patrick Süskind que a Mariza, minha irmã e afilhada, me dera de presente no fim do ano de 1986 (putz! há quase trinta anos).
Perfume é bom. Perfume é ruim.
19 de junho de 2014
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