Obsessões musicais (XIII)
Eu lembro da moça bonita/Da praia de Boa Viagem/A moça no meio da tarde/
De um domingo azul/Azul, era Belle de Jour/Era a bela da tarde/Seus olhos azuis como a tarde/
Na tarde de um domingo azul/La Belle de Jour…
– Alceu Valença –
No copo de vitamina ali, em cima da mesa, há três frutas batidas e mais nenhum ingrediente, nem mesmo o açúcar, eu lhes confesso traindo minhas raízes mineiras. Bebo o suco colorido e dou cabo de minha fome. Resta mitigar minhas aflições, minha ansiedade alimentando meu espírito.
Para encontrar a paz irei, também num paradoxo como o de João Donato e Gilberto Gil, reacender mais uma de minhas obsessões musicais. O tema pertine a todo mundo. Nos casórios, admirável é o esforço despendido pelos convidados e convidadas para não encardir o ar litúrgico: mantêm circunspecção quando o padre passa a colher dos noivos o juramento de fidelidade eterna.
Alceu Valença, o da epígrafe, replicou a personagem Séverine, levada à tela por Luis Buñuel. Na fita, a que não assisti no lançamento, em 1967, por não ter dezoito anos, idade determinada pela divisão de censura, órgão encartado na estrutura do Departamento de Polícia Federal (meu Deus!), a protagonista se desincumbe marcada por fetiches sexuais, desejo por um homem mais velho (epa), em detrimento do seu marido, Pierre, belo e recatado do lar – em realidade, um jovem e bem sucedido médico, que no final… sem spoiler nessa história de mais de cinco décadas.
Com a genialidade de sempre, o espanhol vai tocando sua função de diretor do filme baseado no livro do francês Joseph Kessel sem nos permitir aquilatar se tudo aquilo são lembranças ou devaneios. Se é fato que, para esquecer aquela vida certinha e sensaborona de casada, a até hoje lindíssima Catherine Deneuve (Séverine) mergulha todas as tardes nos prazeres do bordel se atracando com os clientes, inclusive o que se apaixona por ela e… olha o spoiler de novo. Nada contra, mas já repararam como em quase todas as novelas das 9 existe um prostíbulo?
Fim da tarde lilás. Tendo passado pelo Brasil (Pernambuco) e por Espanha e França, continuo no bonde até chegar ao destino final, Estados Unidos, para reencontrar artista esplêndido, um tal de Billy Paul, cantando uma música que o hoje cinquentão Joel, meu irmão caçula, do alto dos seus quatro anos de idade, interrompia tudo o que estivesse fazendo somente para ouvi-la, inebriado, sem dar muita importância ao que dizia a letra.
ME AND MRS. JONES
Me and Mrs. Jones
we've got a thing going on
We both know that it's wrong
but it's much too strong
to let it go now
We meet every day
at the same café
6: 30 I know – I know she'll be there
Holding hands, making all kinds of plans
while the jukebox play our favourite song
(Chorus)
Me and – Mrs. Jones, Mrs. Jones, Mrs. Jones
we've got a thing going on
We both know that it's wrong
but it's much too strong
to let it go now
We've gotta be extra careful
That we don't build our hopes up too high
'Cause she's got her own obligations
and so – and so do I
(Chorus)
Me and – Mrs. Jones, Mrs. Jones, Mrs. Jones
we've got a thing going on
We both know that it's wrong
but it's much too strong
to let it go now
Well it's time for us to be leaving
It hurts so much – it hurts so much inside
Now she'll go her way
And I'll go mine
Tomorrow we'll meet the same place –
the same time
(Chorus)
Me and – Mrs. Jones, Mrs. Jones, Mrs. Jones
we've got a thing going on
We've gotta be extra careful
We can't afford to build our hopes up too high
I wanna meet
and talk with you
at the same place
the same café
the same time
And we're gonna hold hands like we used to
We're gonna talk it over, talk it over
We know, they know, and you know and I know
that it was wrong
But I'll make it strong
We've gotta let 'em know now
We've got a thing going on
thing going on
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03/06/2018
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