Parque da Cidade (VI)
4) Ciclovia
Minhas sugestões de aprimoramentos do parque ficaram lá para trás, ninguém as deve ter lido.
Não desanimo, sou teimoso.
Prossigo.
Ex-colega meu de CRSFN e hoje ministro de tribunal superior dizia, à época em que não amava muito Brasília, que o parque era muito bonito e interessante para caminhadas. Só que…
Esse paulistano de boa cepa, numa involuntária e consistente performance que nos fazia vê-lo extenuado e suarento, comentava que, por conta (quando é que esse “por conta” vai sair de moda) do sol impiedoso, era praticamente uma proeza olímpica vencer incólume aqueles 10km.
De fato, são raras – quase nenhuma – as sombras na via que serpenteia o parque. A celebérrima beleza do azul celeste extasia – mas a estética não amaina os raios solares que fustigam a pele dos caminhantes e dos ciclistas.
Bambus.

Meu alvitre é o de que se pudesse plantá-los em alguns trechos da pista, dispostos de uma margem para a outra, de sorte que, entrelaçados após crescidinhos, formassem a cinco ou seis metros de altura um manto protetor, uma cobertura que deixasse tais locais com sombra permanente. Nesses verdadeiros oásis, dispostos com espaçamento de duzentos metros de um para o outro, a moçada esfriaria a cabeça (os chuveiros, em outros locais), recuperando-se para enfrentar com forças renovadas o restante da atividade física com o sol a pino.
Se os bambus não oferecem segurança – de vez em quando, podem despencar e por em risco a integridade física dos atletas de fim de semana ou não -, cogitemos de árvores, cujos galhos também interpenetrados de uma margem à outra da ciclovia, configurariam um refrescante corredor polonês (uma contradição entre termos).
Vale aclarar, sem trocadilho: a imagem seria assemelhada às daquelas cerimônias de gala em que militares fardados cruzam as espadas (em nosso exemplo, sem ponta, sem gume e civil a festividade) para que o indivíduo, o casal ou o grupo percorresse seu vitorioso percurso recebendo os vivas e as homenagens dos presentes.
Registro, com alguma metidez, que usufruo frequentemente desses aprazíveis recantos quando ando de bicicleta na ciclovia das 200/400 Norte.
Já que falamos de ciclovia, e tendo este pobre blogueiro ganhado o primeiro camelo no remoto ano de 1966, tão só uma coroa e uma catraca (não é fácil ser entregador de famácias e de padarias), ocorre-me declarar:
Uma das grandes invenções da humanidade é a bicicleta de marchas.
16 de março de 2014
(054)
Anjos de Barro (VI)
Aviso de agradecimento
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