Poemas de uma paulista desgarrada (IV)
Tanto na Cidade Maravilhosa quanto na Rainha do Planalto – melhor tirar isso, pode dar confusão; vamos de Capital da Paz. -, minha infância e adolescência se desenrolaram ao som permanente da vitrola (o que vem a ser isso?). Portador de claudicante memória, registro no entanto com segurança que, entre os LPs do meu pai, os então chamados bolachões, ocupavam lugar de destaque os do Noel Rosa e os do Wilson Batista na famosa polêmica entre os dois geniais compositores. Em referência a tal briga artística, não posso invocar uma das provocações do poeta da vila (“Quem é você que não sabe o que diz? Meu Deus do Céu, que palpite infeliz!” ), pena de ter que encerrar minhas postagens neste blog.
A poeta bandeirante não quer briga com ninguém, nada de duelos verbais. Antes, o que ela nos apresenta é uma segunda (e última?) homenagem ao Luiz Felipe Vitelli, dando azo àquilo que no Direito Penal é caracterizado como reincidência específica.
Falido de autorização para publicar o poema do planaltino confesso, trago à lume a justaposição lavrada pela mina que se desprendeu de São Paulo fais um teimpo, vocês estão meeinteindeindo?
PROFECIA PLANALTINA
Na chuva da tarde fria
O clima simulava o caos
que entrava sorrateiro
Por debaixo dos casacos
Subia pelo ar o cheiro do fim.
Início dos tempos
(ainda mais) muito mais difíceis
Assim…
Recalculamos rota.
Antes íamos pro nada
Agora, a passos largos,
Meia volta
Volveríamos a lugar nenhum.
Então eu leio, lírica,
profecia matinal
de um Planaltino confesso.
Agora compreendo
o que o frio ar acusou
e as gotas geladas
só fizeram referendar.
Quando nos chegam
Tais tempos nebulosos
Deparamos
com o famigerado Armageddon.
No planalto planaltino
de onde canta o poeta
A Deus ninguém serve mais nada
A quem se serve é Mamom.
Dazi Antunes – paralelo 15 S
13/07/15
04 de agosto de 2015
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