Dona Candoca

Desculpe a ousadia de me dirigir à senhora, diretamente. É que estou aproveitando a ausência de seu neto, que anda meio sumidão do blog dele encarapitado no jornal O Globo; parece que por causa (hoje se fala “por conta”) das coisas do teatro.

À semelhança de seu evadido correspondente, eu não assisto novela. Quer dizer, eu não vejo a novela das oito (hoje se fala “das nove”). Devo declarar ainda, nessa postura de mais absoluta sinceridade,
que o capítulo de sexta-feira 01.11 não foi visto por mim no dia seguinte pela internet (eu nunca fiz isso pela primeira vez).

Os noveleiros (há também os blogueiros, os concurseiros)
não me deixam em paz e, vira e mexe, contam-me tudo o que acontece no mundo dos que têm amor à vida. Cumpre-me repassar alguns comentários, o que farei a seguir, em ordem numérica de sorte
a resguardar a fidedignidade, ora referindo os nomes verdadeiros dos(as) artistas, ora consignando o nome das personagens (não custa repetir, sou verdadeiro, nada conheço dessa história passada na telinha depois que acaba o JN):

1) Natalhia Timberg, pra variar, arrasando. Quem vem
do teatro não nega a raça – interpretação acima de tudo;

2) idem o barbudo do boteco, puta ator, pontificando como chefe do gabinete civil do Fulvio Stefanini e família;

3) Félix, Cesar, Pilar, Rosamaria Murtinho, Ari Fontoura, Elizabeth Savalla (e mais alguns), o bom desempenho profissional de sempre; porém, não se pode deixar de tecer rasgados elogios à atuação da Edite (ou Edith), que, bonita
e sensual paca, está sem piedade roubando a cena;

4) no núcleo da canastrice juramentada, avulta o escritor “abandonado” pela Nicole. A bela menina de belos cabelos (nepotismo à parte, boa atriz) não aguentou a performance
do namorado platônico e preferiu embarcar desta para melhor. E, lá em cima, aflige-se toda vez que o rapaz, aqui embaixo, chora sem mover músculo da face; por isso que ela desce para ver se consegue levá-lo pra lá, aliviando os pobres telespectadores. Capaz de num capítulo desses a esposa alpinista social, a seu turno, dar uma boa surra no marido
que matava as aulas do curso de teatro;

5) pensando melhor, dessa numerosa tropa (enfermeiras, enfermeiros, evangélicas, delegados, juízes), faz parte também o fortão, que deve ser um bom dentista. Até hoje, causa perplexidade a inserção, no folhetim, do aparvalhado homem (e de sua mãe – literalmente, a mãe coruja), assim, por geração espontânea, mutatio libelli ;

6) a Valdirene está bem, mas ela não nasceu naquela casa com a mãe que foi chacrete (o Chacrinha era vascaíno doente).
A personagem veio inteirinha da MTV, mera troca de canal;

7) estava esquecendo de outra anotação que me foi transmitida sobre esse forte contingente de canastras:
o Marcio Garcia. Mesmo com duas beldades (como elas gostam daquilo!) a lhe enfeitar a vida, ou por causa disso, nosso herói está perdidão na trama. Lembraram-me os fofoqueiros que ele já foi devidamente rebaixado numa novela anos atrás (pelos lados do oriente), tendo saído do papel de ator principal para ser um daqueles figurantes que aparecem somente de costas e, muitas novelas depois, são promovidos a entregador de pizza;

8) com perdão do trocadilho (que nem humor é), pergunta-se:
o autor, de uma forma ou de outra, tem sido carrasco dos gays?

Xexéo, renovo meu pedido de desculpas por minha indevida interlocução com dona Candoca. É que somos, eu e você, da mesma idade praticamente e este pobre blogueiro sem leitor nenhum nasceu
no Bairro Peixoto.

 

03 de novembro de 2013

(019)

mmsmarcos1953@hotmail.com

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