Lady D’Arbanville

De ordinário, é complicado o relacionamento amoroso de casais, héteros ou homos, com grande diferença de idade entre os dois. O descompasso dá o ar da graça a partir da marca de quinze anos (uma faixa geracional) do nascimento de um para o do outro, em que – parafraseio alguém – quase nada une, quase tudo separa.

Há, todavia, alguns casos (sem trocadilho) em que tudo corre às mil maravilhas, inaplicável o clichê “mera troca de juventude por conforto material”, sendo amor e afinidade mesmo. Formariam essa exceção
os atores e atrizes do planeta; governador/ex-governador amante do frevo; vice-presidente jurisconsulto; ex-presidente acadêmico; apresentadora de televisão desbragada; dois grandes ícones da música popular brasileira, um nasceu em São Paulo e mora há milênios no Rio de Janeiro e o outro veio ao mundo, ou melhor, estreou a milhas
e milhas distante (obrigado, Blitz) do Rio de Janeiro e lá desde o império
se radicou (revisor, não é radicalizou), nenhum dos dois na Zona Norte, lugar temido pelo Bolinha e pela Luluzinha.
Minhas fantasias e meus delírios não são muitos. Não estou faltando com a verdade. Mentem, sim, aqueles que afirmam que devanear
é característica de quem é do signo de peixes. Para mim
(nasci em 6 de março), esse pessoal não se desprende da realidade pura, somente algumas poucas vezes.

Sonho meu (obrigado, Dona Ivone Lara)… revelo agora (como se isso fosse do interesse de alguém). E o faço copidescando o texto pois a redação original estava na agulha antes de eu haver lido (coincidências da vida) a Playboy de dezembro/2013, comemorativa dos 60 anos
da revista, tempo de vida marcante em todos os sentidos, notadamente
o pior, pelo ingresso no clube dos “ários”.
Explico. Meu pai, um sacana amargo, referia com pavor notícias dos jornais típicas e desalentadoras sobre essa turma do início da melhor idade , “Morreu um sexagenário”. Para o velho (jamais o chamei assim mas também todos os filhos e filhas dele jamais falávamos “senhor”, o costume de nossa família era “você”), para o marido da minha mãe, mais apavorante do que a morte, coisa definida, inexorável, era o ingresso nessa última quadra da vida (como dizia minha sogra), quando se inicia o namoro verdadeiro e fiel com o desenlace.

Faltou um registro sobre as diatribes dele: “Melhor idade é o cacete” (obrigado, Ancelmo Gois, agradecem pai – post mortem – e filho).
De volta ao começo (obrigado, Gonzaguinha) do parágrafo lá em cima.
A miragem deste sofrido (vocês são livres para dar a melhor acepção) escriba é (era) uma alemã, de olhos azuis. Até aí, novidade nenhuma, existem milhões delas no país europeu outrora dividido, em 1989 rejuntado, a maioria muito bonita – ao menos, até aos quarenta anos
de idade. Minha diva implausível, morena, cor de jambo (novamente, como diria meu pai), olhos azuis e cabelos negros naturais, tão negros quanto os da repórter Lois Lane, conhecida no Brasil como Mirian Lane. Detalho que a estampa da musa seria assemelhada à da espiã
da minha juventude e ingresso nas letras, Brigitte Montfort,
sem aquele cabelão todo.
Isso seria realizado um dia?

https://www.flickr.com/photos/jokap/1153122230/in/album-72157604703483189/
https://www.flickr.com/photos/jokap/1153122230/in/album-72157604703483189/

 

07 de fevereiro de 2014

(044)

mmsmarcos1953@hotmail.com

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *