O perfume (IV)

Sejamos bipolares. Enfrentemos sem protelações o lado ruim do perfume (ou de “O Perfume”), é mergulho de nariz na lama. Não sei se iremos aguentar.

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Na época de que falamos, reinava nas cidades um fedor dificilmente concebível por nós, hoje. As ruas fediam a merda, os pátios fediam a mijo, as escadarias fediam a madeira podre e bosta de rato; as cozinhas, a couve estragada e gordura de ovelha; sem ventilação, salas fediam a poeira, mofo; os quartos, a lençóis sebosos, a úmidos colchões de pena, impregnados do odor azedo dos penicos. Das chaminés fedia o enxofre, dos curtumes, as lixívias corrosivas; dos matadouros, fedia o sangue coagulado. Os homens fediam a suor e a roupas não lavadas; da boca eles fediam a dentes estragados, dos estômagos fediam a cebola e, nos corpos, quando já não eram mais bem novos, a queijo velho, a leite azedo e a doenças infecciosas. Fediam os rios, fediam as praças, fediam as igrejas, fedia sob as pontes e dentro dos palácios. Fediam o camponês e o padre, o aprendiz e a mulher do mestre, fedia a nobreza toda, até o rei fedia como um animal de rapina, e a rainha como uma cabra velha, tanto no verão quanto no inverno. (…) e, assim, não havia atividade humana, construtiva ou destrutiva, manifestação alguma da vida, a vicejar ou a fenecer, que não fosse acompanhada de fedor (…).”

Vamos então contar a instigante história. Todavia, uma vez incontestável que sou falido de estofo intelectual e literário para resenhar o livro em tela (sem trocadilho), pedirei ajuda aos universitários – como antigamente se dizia no programa do SS.

 

25 de junho de 2014

(071)

mmsmarcos1953@hotmail.com

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