Obsessões musicais (XXVI)

A memória é um gesto essencialmente humano por somar afetividade, cognição, historicidade e cultura. Tem como figura central a pessoa que narra o que recorda. Nela estão contidas as marcas do tempo e dos grupos sociais aos quais pertencemos. Por isso, a memória humana não se baseia na história aprendida, mas na história vivida.
– Katia Rubio –

Na sua coluna do Correio Braziliense de 26 de julho de 2022, intitulada Memória musical, Irlam Rocha Lima revela que

“Há algum tempo, tenho sido provocado por amigos e leitores curiosos em saber quais seriam as músicas que, por razões diversas, estão armazenadas em minha memória afetiva. Eu diria que são muitas, mas, certamente, este espaço seria pequeno para listá-las, até porque foram reunidas ao longo de décadas. Eu as ouvi, inicialmente, no rádio e, depois, em LPS e CDs que, cuidadosamente, colecionei e que estão guardados em estantes e gavetas, ao lado de livros, fotos e objetos, no quarto que tomei como escritório.”

Após arrolar boa quantidade de músicas de boa qualidade e intérpretes preferidos(as), o Irlam (não o conheço pessoalmente, no entanto me recuso a chamá-lo de Lima, costume da imprensa) faz um gancho prometendo “voltar ao assunto, até porque é matéria-prima para o ofício que exerço.”

Devo ser um pouco mais velho do que ele. Quando fui dado à luz, deliberei que o rádio seria meu aliado, passando a escutar músicas o tempo todo, vício alimentado até hoje, que me leva a ter saudades da Rádio Mundial (aqui fala Big Boy) e da Rádio Tamoio, ambas do meu Rio de Janeiro dos anos de 1960/1970. Integro o segmento da cultura, em 1991 cofundei o Teatro Mapati, mas “ouvir” música é função que desborda das minhas capacidades. Já o renomado jornalista, um dos decanos do CB, ouve música, não escuta música, – e desde tempos imemoriais faz entrevistas com o povo do mundo musical, muitas das quais se tornaram célebres.

Da minha parte, sentado à beira do caminho, registro sem mais pretensões neste blog as trilhas sonoras que me vêm iluminando. Divido com vocês a 26ª delas, poesia feminista, uma traulitada nas famílias margarina:

https://www.facebook.com/watch/?extid=WA-UNK-UNK-UNK-AN_GK0T-GK1C-GK2C&v=3094079347532278
https://www.youtube.com/watch?v=Ux7HgO9QhAc

créditos: Canal Oficial Carly Simon do YouTube

É assim que eu sempre ouvi dizer que deveria ser
(Carly Simon)

Meu pai senta-se à noite com as luzes apagadas
Seu cigarro brilha no escuro
A sala está em silêncio
Eu passo por ele, nenhum comentário
Na ponta dos pés passo pelo quarto principal
Onde minha mãe lê suas revistas
Ouço-a desejando bons sonhos
Mas eu esqueci como é sonhar

Mas você diz que é hora de morarmos juntos
E construir nossa própria família, você e eu
Bem, é assim que eu sempre ouvi dizer que deveria ser
Você quer se casar comigo? Nós casaremos

Minhas amigas de escola estão todas casadas
Elas têm suas casas e seus jardins
Têm suas tardes solitárias
Noites tristes e madrugadas com raiva
Seus filhos as odeiam pelo que elas não são
Elas odeiam a si mesmas pelo que elas são
E ainda que bebam elas riem
Fecham a ferida e escondem a cicatriz

Você diz que podemos manter vivo o nosso amor
Querido, tudo que eu sei é o que eu vejo
Casais se esforçam desesperadamente
Mas afundam nas ruínas do amor
Você diz que voaremos alto como dois pássaros pelas nuvens
Mas logo você me esquecerá em sua estante
E eu nunca aprenderei como ser eu
Por mim mesma

Tudo bem, é hora de morarmos juntos
E construir nossa própria família, você e eu
Bem, é assim que eu sempre ouvi dizer que deveria ser
Você quer se casar comigo? nós casaremos
Nós casaremos

#Katia Rubio
#Carly Simon
#Irlam Rocha Lima
#That’s The Way I Always Heard It Should Be (tradução) – Carly Simon – LETRAS.MUS.BR

 05/08/2022
(352)
mmsmarcos1953@hotmail.com

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