Tiradentes (II)     

Tempos idos, pernoitei em São João Del Rei, cidade de onde na primeira metade do século passado sai um homem baixinho, careca, matreiro e sábio que, décadas depois, ocupa o cargo de primeiro ministro num governo parlamentarista e, décadas depois, faz chorar o Brasil (em Brasília, comoção geral) em decorrência da posse de Itararé, a posse de presidente da República que não houve.

Não me ocorrera que, bem pertinho de lá, cerca de 12km, estava a cidade que levou o nome do inconfidente maior e à qual acabei não indo naquela ocasião.

Sou carioca, sou candango, sou filho de mineiro. Para mim, tornou-se então inadiável o resgate de Tiradentes, além de que me faltava (e falta ainda) invadir outra joia desse conjunto de cidades históricas: Diamantina, onde nasceu JK, e a princesa Leopoldina lá resolveu se casar, mas Chica da Silva tinha outros pretendentes, e obrigou a princesa a se casar com Tiradentes, laiá, laiá, laiá, o bode que deu vou te contar  (obrigado, Stanislaw Ponte Preta).

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Chego a Tiradentes. Venço o calçamento de pedras e me apresento na recepção da pousada. Não, aquilo era um hotel. Deve ter algum, digamos, planejamento tributário no escolher essa classificação de pousada, que remete a locais românticos, bucólicos e de pouca receita, pouco faturamento. Em face de impostos, taxas, contribuições de melhoria, a mineirada atavicamente se eriça, parte para a luta. Derrama – nunca mais.

Acomodo-me em apartamento muito bom, pé direito alto, todos os itens necessários, chave da porta grandona, igual à que abre a do castelo do gigante algoz do João, o menino que ingenuamente subira às alturas escalando o pé de feijão. Terei uma noite de sono tranquila. Certamente.

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29 de abril de 2014

(060)

mmsmarcos1953@hotmail.com

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