Obsessões musicais (XII)

Muito do que lembramos da nossa infância está ligado ao que está registrado em fotos. Criamos um imaginário, uma relação com as fotos. Olhamos uma foto e lembramos daquele momento(…) A minha sobrinha vai poder ver toda a infância dela em HD (…). Não é só tecnologia externa, mas relação de memória. Atualmente, vivemos um tempo de memória ampliada.

(Jack Holmer)

Quase um mês voou e postagem nenhuma. Os sistemas deste blog apontaram inúmeras reclamações expedidas dos mais diversificados lugares do mundo, as massas enfurecidas e em crise de abstinência se rebelaram, fui por elas chamado às falas, ou melhor dizendo, à escrita.

Alvorada de margem, Sol nascente em Brasília é percebido como pobreza, pobreza expandida  horizontalmente. Deram para acrescer à superpovoada cidade-satélite de Ceilândia amontoado de construções toscas e precárias a formar condomínio “em benefício” da gente de baixa renda que para lá se vê obrigada a migrar em busca da dignidade de um teto.

Ao invés dos aplausos, à semelhança do que ocorre na praia carioca do Arpoador quando o sol se cansa e começa a se despedir da burguesia zen postada na areia, cabe é distribuição de vaias e apupos às autoridades que permitem o nascimento de moradias agrupadas literalmente sem infraestrutura, onde são tidos por luxo inalcançável serviços de luz, água e saneamento básico.

Meados dos anos de 1960, recém entrado na adolescência, integrante o rádio do cotidiano dos adultos, dos jovens, das crianças, senti-me capturado pela melodia (não pela letra; meu inglês sofrível, evoluiu nada de lá pra cá) e pelo arranjo (claro, não sabia o que era isso) produzidos pela rapaziada daquele conjunto (banda; há nome mais atual ainda?), casa do sol nascente fadada a nunca mais sair de cena, coisa animal mesmo.

Não trago a lume a gravação da suave Joan Baez e a do nobel Bob Dylan (anteriores, de 1960 e 1962, respectivamente) para optar pela rascante dos britânicos, pedindo se releve a cafonália do clip, que de quando em vez passeia pelos grupos de zap, e no qual vemos, e ouvimos, um órgão hoje inexistente nas churrascarias do interior.

 

House of the Rising Sun

There is a house in New Orleans
They call the rising sun
And its been the ruins of many a poor boy
And god I know Im one
My mother was a taylor
She sewed my new blue jeans
My father was a gamblin?man
Way down in New Orleans
Now the only thing a gambler needs
Is a suitcase and a trunk
And the only time you keep him satisfied
Is when hes all a drunk
Oh mother tell your children
Not to do what I have done
Spend your life in sin and misery
In the house of the rising sun
I got one foot on the platform
The other on a train
And Im goin?back to New Orleans
To swing that ball and chain
Yeah, there is a house in New Orleans
They call the rising sun
And its been the ruins of many a poor boy
And God I know Im one

14/03/2018

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mmsmarcos1953@hotmail.com

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